O dilema do iniciante numa terra de ninguém

O começo não é nada fácil.


OK, os primeiros momentos são muito bons: os sonhos, as expectativas, as ideias... Tem muita coisa pela frente e a gente quase sempre começa uma coisa extremamente empolgado. Mas aí a fantasia acaba e os sonhos precisam se converter em planejamentos, as expectativas em concretude, as ideias em atitudes - ou, no nosso caso, textos.


Não é fácil. Escrever não é fácil. Saber o que para quem você escreve, muito menos.

Penso: "Esse tema deveria atrair tal público, mas a escrita aparentemente não combina com ele. acho que é um tema muito infantil para uma abordagem muito adulta"; ou "Será que não viajei bastante nisso?"; "Será que não fui muito ácido?"; "Eu devo agradar ou incomodar o meu público? Se eu faço o primeiro, vou acabar fingindo e me perdendo nas expectativas deles - isso acaba com a criatividade. Se incomodo, posso não ter público - escrever para ninguém é burrice".

Contudo, "escrever para ninguém" é talvez justamente a provação inicial. A gente não tem leitores fieis ainda. Se tivermos, dentro de nós mesmos, escritores fiéis, já é um grande progresso - quantas pessoas não começam diariamente diversas coisas e se desmotivam por falta de feedback? 

Mas aí aparecem as primeiras visitas. A primeira dezena dá muito gosto de ver. I mean, "tem 10 pessoinhas aqui perdidas que podem estar se encontrando no que eu escrevo - mas, espera, agora eu tenho uma responsabilidade com elas (?)". Depois, vem a ambição: "agora eu quero 100". Só que, para que ela se concretize, mais tarefas são requeridas. Agora você precisa divulgar; tem que achar site relevante; tem que ter rede social; tem que ficar de olho nas tendências para escrever sobre elas - "mas será que eu realmente quero escrever sobre isso?"; tem que ter um bom conteúdo já armazenado para poder começar a divulgar - "30 postagens serve"; tem que mendigar divulgação; receber vácuos; respostas negativas; respostas positivas seguidas de vácuos; ouvir elogios de pessoas que não leram de fato; ter leitores que vão simplesmente omitir o seu texto porque, de alguma forma, elas querem tomar posse dele só para elas - "mas eu queria espalhar mais a mensagem, só que eu também preciso desse leitor"; tem que se questionar se o que você escreve é realmente relevante. Isso porque você ainda nem sabe direito o que escreve e para quem.

Você também vai precisar administrar. Administrar as visitas, colher dados das pesquisas; consultar fontes; administrar seus horários. Você agora tem responsabilidades.

Você também nada contra uma corrente gigantesca de pessoas que vão simplesmente te desestimular de graça. Ou pior, vão se fazer de "só tô querendo ajudar" para minar a tua segurança quanto ao que você escreve.

Olha, é tanta coisa que só mesmo a possibilidade de converter tudo isso num texto pro próprio site que salva a gente.

Acho que volto a escrever sobre Naruto amanhã. Não sei.

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