O Verdadeiro não está entre eles

Acho que é de senso comum entre quem acompanhou Naruto que Pain foi um dos maiores divisores de águas de toda a série. Se não o maior.

Foi precisamente a partir da sua aparição que as batalhas ninja tomaram uma proporção e uma complexidade muito maiores. Além do mais, foi a partir dele – e, posteriormente, de Madara, mas ele é só outra face dessa mesma moeda – que toda a história anterior precisou ser reorganizada para que, assim, pudesse prosseguir. E, se a gente parar pra pensar, lá no fundo, isso aconteceu pelo poder que Pain tinha nas mãos: o controle teleguiado.


Antes de a gente chegar lá, vou manter um pouco o suspense e mudar o foco para a batalha dele contra o seu antigo mestre, Jiraiya – e lembrar de como esse último sucumbiu ao ex-aluno por estar completamente alheio às habilidades dele.

Jiraiya sabia que, Nagato, um dos seus ex-alunos possuía um desses dons raros nos olhos. Esse era chamado de Rinnegan. Mas o que o surpreendeu no reencontro com ele, anos mais tarde, foi encontrar esses olhos não somente no seu outro aluno, Yahiko, como também em outros cinco seres humanos. Todos ruivos, tal qual o seu líder.

Esse líder, diga-se de passagem, é tido na sua vila da chuva como Deus, e a sua colega, Konan, um anjo seu. Isto porque ele livrou a sua terra de uma antiga praga e protegeu a mesma das guerras que a assolavam. Por outro lado, essa terra não tinha a menor consciência do tamanho da alienação à qual fora submetida com isso; seja do mundo exterior, seja do seu próprio líder – sempre precedido pela sua reputação e pelos boatos ao seu respeito. Mas foi seguindo a pista desses boatos que Jiraiya se infiltrou naquela vila que, mesmo depois de salva por um herói que eliminou “O seu maior carrasco” e prometeu guiar o mundo à paz, continuava melancólica e incapaz de produzir nada que não fosse tristeza e chuva.


Jiraiya não podia sustentar a sua felicidade em ver o ex-aluno bem desenvolvido e mais maduro por muito tempo – pois aquilo implicaria baixar a guarda. Aquilo não era um reencontro, mas uma batalha. Só que, durante toda essa batalha, permaneceu um incômodo quanto ao comportamento de Yahiko: como alguém que sempre fora tão feliz, disposto e animado estava agora amargo, rancoroso e apático? Ele estava realmente confuso quanto a quem era quem, mas, como eu falei, aquilo era uma batalha. E, felizmente, ele conseguiu se lembrar disso a tempo.

Profundamente “dolorido” pelo ciclo de ódio ao qual a sua terra fora condenada, o ex-aluno de Jiraiya montou uma organização pequena, de poucos membros, sendo uma parte deles advinda de passados desumanizadores, e a outra constituída de pessoas habilidosas, mas sem perspectiva de vida. Todos devidamente envenenados pelo seu propósito particular.



Ele próprio, na verdade, era seis. Só que o maior detalhe deles – e isso os tornou “um” vilão letal para Jiraiya – é que, dotados de habilidades diferentes, mas complementares, eles compartilhavam a visão.

Isso implicou para Jiraiya constantes frustrações das suas estratégias de batalha, pois a sua localização e vulnerabilidades eram informações que estavam sempre sendo compartilhadas por seis inimigos que estavam, de algum modo, conectados uns aos outros. Diante disso, eu não preciso dizer que a única saída do ninja foi se preparar para a morte. Contudo, ele não o fez gratuitamente, mas com uma última estratégia acompanhada de uma aposta: ele se comprometeu a descobrir o segredo desse inimigo, codificar esse segredo e passá-lo, através de um livro escrito por ele mesmo, para o seu pupilo posterior, Naruto.



E esse segredo era: “O verdadeiro não está entre eles”.

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