O fracasso do bem-sucedido

Antes de mais nada, eu gostaria de avisar que escrevo isto fazendo o possível para não disseminar ódio ao lado criticado. Peço perdão caso isso ocorra.
É uma lógica assimétrica batida: pessoas centradas, interessantes, bem-humoradas, com boa formação acadêmica, boas de papo, fluentes em outros idiomas, cheias de talentos e habilidades - entre tantas outras coisas - vivendo em baixa autoestima e alta autocrítica, enquanto as chatas, julgadoras, rabugentas, moralistas, fofoqueiras, hipócritas, desagradáveis e inúteis completamente cheias de si.


Uma vez uma amiga disse que dói nela ver gente se depreciando como se fosse um inútil de quarenta anos que mora ainda com os pais e não sabe fazer nada da vida. Mas ela foi além.

Um tanto consciente da raiz do quadro, ela se arriscou a falar que era possível que talvez a tal pessoa que não se sentia boa o suficiente o fazia porque tentava agradar a alguém a quem de fato ela nunca era boa o suficiente.

Não satisfeito, fui eu mesmo investigar adiante essas relações e - vejam que interessante - o (a) bonitão (tona) é quem na verdade não é bom o suficiente. Pretendo com isso afirmar uma verdade absoluta? Não. É uma descoberta a partir de da observação de uma meia dúzia de casos.

Mas a verdade é não apenas a mais autodepreciativa era um ser humano muito mais evoluído como eu me atrevo a dizer que a outra simplesmente não valia o chão que ela pisava.

Acho que talvez justamente pelo fato de ser mais evoluída, a autodepreciativa encarava a crítica da julgadora como construtiva - uma parte do seu processo de amadurecimento. Ledo engano.

É justamente a abertura da autodepreciativa para o contraditório que é vissta como brecha para a julgadora - aliás, vamo chamar pelo nome correto: infeliz - a infeliz despejar a sua amargura em alguém. A outra para ela é uma presa, uma vítima. De peito aberto, recebe descargas e mais descargas de abuso verbal, seja em forma de gritos, xingamentos rancorosos, insultos, julgamentos antipáticos, ou mesmo em azedume passivo agressivo, como piadas, banalização, ou qualquer outro tipo de ofensa disfarçada - geralmente, com um sorriso. E ela encara isso com a receptividade de quem realmente não reconhece - ou nem mesmo conhece - esse tipo de abuso. Principalmente quando parte de alguém em posição de autoridade.

A impressão que dá é a de que realmente essa autoridade vem de alguém que se engrandece não a partir do amadurecimento e da consciência, mas da exploração do superego [dos outros]. O outro lado, autodepreciativo, dificilmente vai enxergar a pequenez da autoridade com os olhos cerrados de tanta culpa para carregar e tantos problemas que não são de fatos seus para serem resolvidos.

Mas isso a gente pode continuar em outro texto.

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